GCM manda venezuelanos saírem de semáforos em Boa Vista e apreende produtos que eles vendiam nas ruas

Imagens mostram guardas escoltando venezuelanos para colocarem produtos e materiais de trabalho em carro da GCM (Foto: Roque Neto/Rede Amazônica Roraima)

A Guarda Civil Municipal (GCM) fez uma fiscalização neste sábado (18) em Boa Vista para coibir o comércio de produtos e serviços em semáforos da cidade. Na ação, venezuelanos e haitianos que estavam trabalhando nas ruas receberam a ordem de deixar os locais e tiveram materiais apreendidos.

A fiscalização foi flagrada pelo repórter cinematográfico da Rede Amazônica Roraima Roque Neto. As imagens feitas por ele mostram os guardas municipais fazendo os estrangeiros entregarem os produtos.

Os guardas apreenderam tanto itens que os estrangeiros vendiam nas ruas quanto materiais que eles usavam para limpar para-brisas de carros.

GCMs também recolheram materiais vendidos por haitianos durante a fiscalização (Foto: Roque Neto/Rede Amazônica Roraima)

Em nota, a prefeitura de Boa Vista afirmou que faz diariamente ações como essa e que elas se baseiam em pedidos da população para que os venezuelanos saiam dos semáforos, "onde muitos estão constrangendo as pessoas a receberem os serviços e produtos". (veja íntegra da nota ao final da reportagem).

As abordagens aos imigrantes ocorreram por volta das 12h (hora local) nos semáforos da Avenida Venezuela com Ataíde Teive e no semáforo da Avenida Venezuela com Brigadeiro Eduardo Gomes, ambos na zona Oeste da capital.

Latas de doces, rodos, produtos de limpeza e até frutas foram apreendidas pelos GCMs da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e levadas em uma picape.

Venezuelanos fogem de fome e falta de serviços de saúde

Desde 2016, Roraima encara o desafio de receber o grande fluxo de venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira. Eles fogem da fome, do desemprego e da falta de serviços de saúde no país governado por Nicolás Maduro.

Em 2015, foram registrados no estado 230 pedidos de refúgio por imigrantes venezuelanos. Um ano depois o número chegou a 2.230 solicitações.

Em 2017, de janeiro a setembro, os pedidos de refúgio já alcançaram o montante de 12.193 somente em Roraima. Atualmente, existem três abrigos para venezuelanos em Roraima.

Com o crescente fluxo de imigrantes, muitos, mesmo aqueles que têm carteira de trabalho, não conseguem emprego formal e vão para as ruas em busca de serviço.

Alguns vendem frutas, doces e utensílios plásticos nos semáforos e outros, dentre homens e mulheres, oferecem limpeza de para-brisas de carros em troca de moedas.

Guardas revistaram bolsas de estrangeiros (Foto: Roque Neto/Rede Amazônica Roraima)

Veja a íntegra da resposta da prefeitura:

A Prefeitura de Boa Vista informa que a Guarda Municipal, a Secretaria Municipal de Gestão Social e os fiscais da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur), realizam diariamente abordagens as pessoas que não estão autorizadas, conforme o Código de Postura do Município, a fazerem comércio e serviços em ruas e avenidas da cidade, além de estarem causando insegurança ao trânsito.

As ações têm como base, pedidos da própria população que tem cobrado atos de retirada dos venezuelanos dos semáforos e espaços públicos, onde muitos estão constrangendo as pessoas a receberem os serviços e produtos, e mantém crianças nas calçadas pondo em risco a vida dessas crianças.

A Prefeitura informa ainda que tem se esforçado, desde o primeiro momento, a auxiliar as famílias venezuelanas que procuram ajuda em Boa Vista, com ações em diversas áreas, como Educação e Saúde. O município aguarda um posicionamento do Governo Federal, com relação aos abrigos aos migrantes venezuelanos.

Imagens mostram venezuelanos deixando semáforo na zona Oeste de Boa Vista após ação da GCM (Foto: Roque Neto/Rede Amazônica Roraima)