quarta-feira, 22 de novembro de 2017

TCU arquiva investigação interna sobre compra de decisões

TCU arquiva investigação interna sobre compra de decisões

 Em 2015, PF realizou condução coercitiva de Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo CedrazReprodução/Youtube

Em 2015, PF realizou condução coercitiva de Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz


O Tribunal de Contas da União (TCU), órgão que fiscaliza a atuação do Governo Federal, arquivou, nesta quarta-feira (22), o processo administrativo de 2015 que investigava crimes dentro do próprio tribunal. Os ministros Raimundo Carreiro e Aroldo Cedraz , além do advogado Tiago Cedraz , filho de Aroldo, são acusados de tráfico de influência e acesso a informação privilegiada. Carreiro é o atual presidente da corte.


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O voto pelo arquivamento foi do relator do processo, o ministro José Múcio Monteiro, e não teve votos contrários no plenário do TCU . Na decisão, o ministro afirmou que recomendou o fim do caso “diante da ausência de provas e de confirmação dos supostos atos irregulares”.


Mas ele também explica no documento que as investigações podem ser abertas “na eventualidade de virem a conhecimento fatos novos”, a partir de outras investigações.  


Além do processo interno do TCU, um um inquérito criminal sobre o caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo também os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA) como investigados. O caso corria em segredo de justiça, mas a decisão do TCU desta quarta também determinou o fim do sigilo.


O caso


As investigações tiveram início quando o  ex-presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, afirmou que  Tiago receberia pagamentos de R$ 50 mil mensais para repassar à empreiteira informações do tribunal que envolvessem seus interesses.


Além disso, Pessoa disse que pagou R$ 1 milhão para Cedraz com objetivo de que a quantia supostamente chegasse ao ministro Raimundo Carreiro, relator de um processo que analisava a licitação da construção da usina nuclear Angra 3. A decisão do TCU acabou sendo favorável à UTC.


Papel do TCU na Lava Jato


Apesar do nome, o TCU não faz parte do Poder Judiciário. É um órgão que integra o Poder Legislativo e tem como função auxiliar o Congresso na fiscalização do uso de recursos públicos federais. Ao detectar irregularidades, o TCU pode multar os responsáveis e recomendar que a Justiça Eleitoral proíba os condenados de disputar eleições por oito anos.


Anualmente, o órgão também emite um parecer das contas do governo federal, recomendando ao Congresso sua aprovação ou rejeição. Essa competência foi fundamental no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, quando o tribunal rejeitou as contas do governo em 2015 devido as manobras economicas realizadas pela equipe da petista - as ‘ pedaladas’ .


No entanto, vários ministros do TCU , incluindo Augusto Nardes, têm sido investigados por suposto envolvimento em casos investigados pela operação Lava Jato e seus desdobramentos.