sexta-feira, 17 de novembro de 2017

“Quero que o tempo passe logo”, diz esposa de detento após casar na penitenciária

“Quero que o tempo passe logo”, diz esposa de detento após casar na penitenciária




Albanize Fonseca e Marcos Fonseca se casaram nesta sexta-feira no Iapen, em Macapá (Foto: Rita Torrinha/G1)Albanize Fonseca e Marcos Fonseca se casaram nesta sexta-feira no Iapen, em Macapá (Foto: Rita Torrinha/G1)


Albanize Fonseca e Marcos Fonseca se casaram nesta sexta-feira no Iapen, em Macapá (Foto: Rita Torrinha/G1)




Após mais de quatro anos de relacionamento, Albenize Fonseca Andrade oficializou a união com Marcos Fonseca numa cerimônia coletiva onde outros 15 casais também disseram sim, nesta sexta-feira (17). O clima era de felicidade, característico de qualquer casamento, a diferença é que o momento não foi registrado em uma igreja, mas no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), na Zona Oeste de Macapá.




Marcos é detento do regime fechado. Está há 2,3 anos cumprindo pena por homicídio e tem mais 1,6 anos para cumprir. Durante todo esse tempo no cárcere a companheira dele, Albenize, não o abandonou. Ela vai visitá-lo duas vezes por semana e, como forma de estreitar esse amor, eles resolveram se casar. A noiva só quer que o tempo seja generoso.




“Venho duas vezes por semana encontrar com ele. Já esperei um bom tempo e posso esperar mais um pouco. Quero só que o tempo passe logo, para que ele venha cuidar da nossa família lá fora”, disse emocionada durante a cerimônia.




Por sua vez, Marcos diz estar fazendo de tudo para reduzir a pena e voltar pra casa.




“Estou trabalhando para reduzir a minha pena. Quero cumprir o que devo e ficar em paz, comigo, com ela [a esposa] e com a sociedade, pra que eu possa renovar a minha vida”, disse.






16 casais oficializaram a união no Casamento na Comunidade no Iapen (Foto: Rita Torrinha/G1)16 casais oficializaram a união no Casamento na Comunidade no Iapen (Foto: Rita Torrinha/G1)


16 casais oficializaram a união no Casamento na Comunidade no Iapen (Foto: Rita Torrinha/G1)






Os 16 detentos em regime fechado e que aguardam progressão adentraram o salão do Iapen, onde ocorreu a solenidade, vestidos com paletó e gravata e as noivas estavam com longos vestidos brancos e buquês. Cada casal tem uma história, e cada mulher livre vive a agustia de contar os dias e as horas em que poderão conviver diariamente com seus parceiros.




“Quero que meu marido saia daqui sem dever ninguém e que a gente possa recomeçar do zero. É angustiante estar lá fora e não saber o que está acontecendo com ele aqui dentro”, disse Jackeline Santos, que casou com Alison Rodrigues. Ele tem quatro meses para cumprir, mas preferiu não dizer por qual crime.






Jackeline Santos da Silva e Alison Romário Rodrigues (Foto: Rita Torrinha/G1)Jackeline Santos da Silva e Alison Romário Rodrigues (Foto: Rita Torrinha/G1)


Jackeline Santos da Silva e Alison Romário Rodrigues (Foto: Rita Torrinha/G1)





Aliás, o que menos importava para essas mulheres era a razão de os parceiros estarem ali. O fato é que esses casais aproveitaram a oportunidade do “Casamento na Comunidade” para oficializarem a união.




O projeto é desenvolvido pelo Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) há 20 anos e já realizou cerca de 15 mil casamentos em todo o estado. A iniciativa tem a parceria da Igreja Universal do Reino de Deus e da Assembleia Legislativa.






Desembargadora Sueli Pini, do Tribunal de Justiça do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)Desembargadora Sueli Pini, do Tribunal de Justiça do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)


Desembargadora Sueli Pini, do Tribunal de Justiça do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)






“Eu acredito que a união ajuda em muito na ressocialização do detento. Ele tem mais esperança de sair do cárcere para viver uma vida a dois fora do presídio. É a mulher dizendo para ele ‘Eu vou aguardar você cumprir a sua dívida e estarei lá fora lhe esperando’, isso significa muito para os presos”, destacou a desembargadora Sueli Pini.




Após a cerimônia de casamento, que durou cerca de duas horas, a Albanize, a Jackline e as demais mulheres trocaram os vestidos brancos pelas roupas do dia a dia e seguiram viagem de volta para casa. Elas vão aguardar o dia marcado da próxima visita para reencontrar com os companheiros, que agora são maridos.






Casamentos tiveram direito a bolo e bem-casados (Foto: Rita Torrinha/G1)Casamentos tiveram direito a bolo e bem-casados (Foto: Rita Torrinha/G1)


Casamentos tiveram direito a bolo e bem-casados (Foto: Rita Torrinha/G1)





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