Garotinho foi preso nesta quarta (22)
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO - 22.11.2017
O empresário delator André Luiz da Silva Rodrigues informou ao MPE (Ministério Público Eleitoral) que a organização criminosa do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PR), usava armas para viabilizar o esquema de dinheiro ilícito para campanha. O empresário disse que, durante seus trajetos de veículo após fazer saques em dinheiro, recebia a ligações do operador de Garotinho, Antônio Carlos Ribeiro, de apelido Toninho, "o braço armado da organização criminosa", dando conta que estava sendo seguido.
Toninho, que também teve mandado de prisão preventiva expedido nesta quarta-feira (22), é ex-policial civil. Rodrigues também disse, em seu depoimento, que "Toninho fazia questão de mostrar que estava armado".
Para o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da Justiça de Campos de Goytacazes, o suposto caso "demonstra de forma clara a imposição do líder da organização criminosa, Anthony Garotinho, através do réu Antônio Carlos Ribeiro da Silva, vulgo Toninho, para que o colaborador obedecesse suas ordens".
Segundo o juiz, o grupo exerceria um poder intimidativo contra empresários extorquidos e que mantinham contrato de prestação de serviços ou de realização de obras públicas com o município de Campos dos Goytacazes.
Já os outros réus presos, Ney Flores Braga e Suledil Bernardino, tinham o papel de negociar com empresários o pagamento de suas contribuições ilícitas via "caixa 2". Segundo a denúncia, os empresários eram obrigados a fazer a contribuição, mediante ameaça de não receberem seus créditos lícitos.
"A organização criminosa composta pelos réus demonstra inegável poder intimidativo contra os empresários extorquidos, não só pela ameaça de não adimplemento de seus créditos perante o poder público, fragilizando-os e deixando-os sob o jugo dos réus, mas também pela participação armada do quarto denunciado, ex-policial civil, que, segundo a denúncia, facilita o sucesso na obtenção da vantagem ilícita, inclusive fazendo o recolhimento do dinheiro em espécie entregue pelos empresários coagidos", escreveu o juiz, em sua decisão.
O juiz também afirmou que a prisão se justifica porque as testemunhas correm riscos com a liberdade dos réus, "sendo certo que o réu conhecido como Toninho exerce inegável intimidação armada contra as testemunhas e em especial contra o colaborador".
Defesa
Em nota, a assessoria do político disse que "querem calar o Garotinho mais uma vez" e que o ex-governador atribui a operação "a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo" por ter denunciado um esquema envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e irregularidades supostamente praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter. O texto ainda diz que Garotinho foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani. Na ocasião, Picciani "teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho".