quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Garotinho era líder de organização criminosa em Campos, diz MP

Garotinho era líder de organização criminosa em Campos, diz MP




Ex-governador está detido no Rio


Ex-governador está detido no Rio
Estefan Radovicz/Agência O Dia - 22.11.2017





O ex-governador Anthony Garotinho (PR), preso na manhã desta quarta-feira (22), é apontado como chefe de uma organização criminosa que atuava na prefeitura de Campos dos Goytacazes entre janeiro de 2009 e dezembro de 2016. Segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), o poder de chefiar a quadrilha foi dado pela então prefeita Rosinha Garotinho, mulher do ex-governador.



De acordo com a denúncia, ele se valia do poder de presidente do PR (Partido da República) e do fato de ela ter atribuído a ele totais poderes sobre seu governo, independentemente de ocupar ou não cargo comissionado, para criar um sistema permanente e ilegal de arrecadação de dinheiro de empresas que mantinham contratos com o município.



Já Antônio Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho, agia como o braço armado do grupo. Segundo o MP, ele era sócio de uma das empresas que a prefeitura possuía contratos milionários de obras e também era responsável por fazer as cobranças de valores “devidos” pelas empresas ao grupo político.



Outro denunciado, Ney Flores, foi responsável, entre 2012 e 2014, por arrecadar dinheiro de empresários para as campanhas eleitorais. De acordo com o MP, muitas vezes o dinheiro foi entregue na sede de sua própria empresa, a Macro Engenharia.



Leia também: PF aponta propina de R$ 2,6 milhões da JBS para Garotinho e Rosinha



O ex-secretário de Controle, de Governo e de Fazenda de Campos, Suledil Bernardino, fazia parte do esquema cumprindo ordens de Garotinho e da então prefeita Rosinha Matheus, principalmente sobre o pagamento às empresas, com o objetivo de criar “dependências extremas” em relação ao grupo político. Dessa forma, segundo o MP, era criado um círculo vicioso que obrigava a realização de doações para campanhas eleitorais.



Thiago Godoy, ex-subsecretário de Governo de Rosinha, foi coordenador financeiro das campanhas de 2014 e 2016 e também intermediava as questões políticas e financeiras entre empresários e o ex-governador.



A denúncia aponta também que, no período em que Rosinha esteve no poder, a prefeitura pagou mais de R$ 976 milhões a seis das principais empresas que acabaram se tornando contribuintes de campanha, de forma compulsória.



Ex-ministro também é alvo de denúncia



O presidente do PR (Partido da República), Antônio Carlos Rodrigues, também foi alvo de pedido de prisão da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, acusado de participar do esquema de arrecadação ilegal de recursos para a campanha de Anthony Garotinho (PR-RJ) para o governo do Estado em 2014.



Ex-ministro dos Transportes durante o governo Dilma Rousseff (entre 2015 e 2016) e ex-senador da República (2012 a 2014), ele é acusado pelo MP-RJ de ser membro de uma suposta organização criminosa liderada por Garotinho.



Na organização, Rodrigues atuou como negociador entre o frigorífico JBS e Garotinho para a “doação espúria de dinheiro oriundo de propina”, diz a denúncia do MP-RJ



Prisão



Os ex-governadores Anthony Garotinho e a mulher, Rosinha Garotinho, foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (22). Os pedidos de prisão foram feitos pelo Ministério Público Eleitoral, que apura a arrecadação de dinheiro ilícito para o financiamento da campanha dos dois.



Segundo informações da Polícia Federal, Garotinho e a mulher dele, Rosinha Garotinho, também ex-governadora do Rio, foram presos em uma operação que apura os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.



Pessoas ligadas ao casal também foram presas, dentre elas um ex-secretário de Garotinho, detido em Campos.

Nesta ação, a PF cumpre nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão expedidos pelo juíz eleitoral de Campos dos Goytacazes, no interior do Estado.



Outro lado



Em nota, a defesa afirmou que o político está sendo “vítima de perseguição desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter”.



Já a assessoria de imprensa do Partido da República informou que "a legenda republicana não oferece comentários sobre decisões judiciais. O mesmo se aplica aos conteúdos que aguardam pelo exame do Poder Judiciário".