terça-feira, 14 de novembro de 2017

Família de bebê com doença rara fica sem resposta de Ministério

Família de bebê com doença rara fica sem resposta de Ministério





Depois de quatro horas de reunião na sede do Ministério da Saúde em São Paulo, no centro da cidade, nesta terça-feira (14), os familiares de Samuel Soares dos Santos, de 1 ano e 11 meses, não tiveram nenhuma resposta conclusiva. “Marcaram outra reunião na sexta-feira (17)”, diz José Elezoardo Gomes Soares, pai da criança.



O encontro com cinco representantes do Ministério da Saúde aconteceu depois de uma manifestação com dezenas de pessoas pelas ruas da capital paulista. Soares acrescenta. “Se a gente não tiver resposta na sexta-feira, nós vamos acampar dentro do Ministério e se não tivermos resposta nós vamos para Brasília.”



Paula Moraes, advogada da família também fala sobre a falta de diálogo com o ministério. “Eles não recebem a gente, eles não conversam, eles não passam informação nenhuma. Infelizmente não tem muito diálogo.”



Ela acrescenta. “Eles [Ministério da Saúde] querem lutar contra o óbvio, nós já temos uma decisão judicial dizendo que ele tem direito de fazer o transplante nos Estados Unidos.”



Segundo a advogada, há uma multa diária no valor de quase R$ 1 milhão — e com multa diária — que ainda não foi paga pela União e que os danos aos cofres públicos são são consideráveis. “Só queremos que a decisão judicial seja cumprida”, diz.



A representante dos familiares de Samuel acredita que outro encontro foi agendado para que o Ministério da Saúde se inteirasse do processo e acrescenta que o argumento da pasta é que com o dinheiro para o transplante de Samuel seria possível salvar outras pessoas. “Para eles o Samuel é mais um, para nós ele é único. Nós estamos lutando por ele”, afirma.



A doença



O menino nasceu com Síndrome de Berdon, uma condição rara que provoca má-formação no intestino e estômago e segundo a família o transplante multivisceral precisa ser realizado no Jackson Memorial Medical, em Miami, nos Estados Unidos e custa cerca de R$ 3 milhões.



Para custear o transplante, a família travou, desde março de 2016, uma batalha na Justiça contra o Ministério da Saúde para que a União arcasse com as despesas. Em janeiro deste ano, uma nova ação judicial pleiteando o transplante. O juiz de primeiro grau não acatou o pedido, mas a decisão foi revertida agora em julho em decisão liminar no Tribunal Federal.



Mais cedo, o R7 entrou em contato com o Ministério da Saúde e, em nota, a pasta afirma que o paciente está sendo acompanhado por profissionais especializados do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS) e do Hospital Sírio Libanês (SP).



O Ministério da Saúde acrescenta ainda que “o paciente está inscrito na lista para realizar transplante no Hospital Sírio Libanês em situação de prioridade nacional. Vale informar que a União já recorreu da decisão na Justiça em relação ao tratamento no exterior, uma vez que o paciente está sendo devidamente assistido.”



O R7 procurou o Ministério da Saúde novamente na noite desta terça-feira (14) para confirmar a reunião e pedir um posicionamento sobre a multa diária, decidida em juízo. Além disso, foi perguntado se há alternativas além do transplante nos Estados Unidos. Até o fechamento desta reportagem não houve nenhuma resposta.

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