Imagine como seria se pudéssemos ter, nas cidades, parquinhos naturais em áreas como estacionamentos ou descampados? Como seria se crianças pudessem ter autonomia para ir e vir dentro do seu bairro? A discussão sobre a necessidade de estabelecer espaço e tempo para as crianças brincarem ao ar livre, em ambientes naturais, chegou a diversas esferas, e experiências apontam caminhos sobre como as cidades podem favorecer o encontro das crianças com a natureza, por meio da reorganização dos tempos, da transposição dos muros e da lapidação do olhar adulto.
As atuais políticas públicas das grandes cidades desencorajam as crianças a vivenciar o mundo e a si mesmas, pois as desconectam de elementos tão necessários quanto raros: espaço, liberdade, elementos naturais. Como esperamos que as crianças cresçam conectadas com a cidade, saudáveis, capazes de circular e se sentirem confiantes na cidade, se elas passam o dia em ambientes fechados? Como estimular as crianças a se divertirem se muitos parques no Brasil proíbem brincadeiras com água, correr na grama ou subir em árvores? Esses elementos naturais, presentes na brincadeira, já são bastante valiosos para os pequenos.
O autor britânico e consultor pela Rethinking Childhood, Tim Gill, explica como tornar as cidades mais habitáveis para todos, especialmente as crianças, a partir da criação de ‘redes verdes’, espaços naturais que as crianças possam acessar com suas famílias e amigos diariamente, afinal, uma cidade onde as crianças tem liberdade, é uma cidade onde os adultos querem estar.
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*Laís Fleury é diretora do Criança e Natureza, do Alana, fundadora da Associação Vaga Lume e empreendedora social reconhecida pela Ashoka Empreendedores Sociais.