domingo, 10 de dezembro de 2017

Operador de Cabral confirma que anel de diamantes foi propina

Operador de Cabral confirma que anel de diamantes foi propina


Carlos Miranda, principal operador do suposto esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), foi interrogado nesta quinta-feira (7), na 7ª Vara Federal Criminal. Em depoimento, o delator confirmou que empresas contratadas pelo Estado pagavam 5% por contrato à organização criminosa do peemedebista. Miranda também confirmou a afirmação do empresário Fernando Cavendish, da Delta Construções, de que abateu o valor de um anel comprado para a ex-primeira dama do Estado, Adriana Ancelmo - cerca de R$ 800 mil - de propina repassada a Cabral.



"Fernando Cavendish me informou que tinha esse gasto para ser descontado desta propina e eu fiz a contabilidade desse valor", disse o novo delator ao juiz Marcelo Bretas.



Miranda fechou delação com o MPF (Ministério Público Federal), homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A informação foi divulgada pela defesa do próprio delator durante o depoimento.



O operador também explicou o papel de cada um dos integrantes do esquema. Ele disse que Luiz Bezerra atuava como seu funcionário e passou a fazer o recolhimento de dinheiro vivo, de acordo com as suas ordens, depois que o seu nome apareceu na operação Castelo de Areia, em 2010. A orientação teria partido do próprio Cabral.



"Bezerra trabalhava para mim, recolhia o dinheiro vivo e fazia os pagamentos que eu determinava que ele fizesse. Em 2010, com a operação Castelo de Areia, saiu meu nome e, por orientação do Sérgio, ele me pediu para que eu evitasse ir até as empresas para trazer o dinheiro. Foi quando o Bezerra começou a trabalhar comigo, fazendo esse trabalho", disse.



Miranda acrescentou que a pessoa referida como "Cabra Macho" na tabela de contabilidade das propinas era Sérgio Cabral. Além disso, afirmou também que empresas fizeram contribuições visando interesses em alguma legislação estadual. O operador também afirmou que o então secretário da Casa Civil de Cabral, Regis Fichtner, recebia propinas em parcelas de R$ 50 e R$ 150 mil.



Miranda tem laços fortes com o ex-governador. Ele já foi assessor parlamentar de Cabral, sócio em uma empresa ligada à sua família e casou-se com uma prima em primeiro grau do ex-governador. Segundo apontou o MPF, depoimentos apontaram Miranda como a pessoa a quem Sérgio Cabral confiou a coleta e transporte dos valores de propina exigidos das empreiteiras.



A reportagem ainda não conseguiu ouvir as defesas de Cabral e Régis Fichtner.