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José Aldo acabou de perder para o campeão Max Holloway no UFC 218. Esse seria o motivo para Aldo realmente dar fim à sua carreira?
Sejamos honestos, os brasileiros não lidam muito bem com um momento de fraqueza de um ídolo. Levam-no do status de luxo ao lixo em míseros instantes. Isso não é segredo para ninguém. No entanto, é a terceira derrota de José Aldo nas últimas quatro lutas que fez. Isso não seria motivo o suficiente? É algo a se discutir. Porém, vamos tentar avaliar isso de forma menos superficial.
José Aldo foi o maior campeão da categoria, um dos mais respeitados lutadores brasileiros de toda a história e o mínimo a ser colocado em questão deve ser a proporção entre a expectativa pelo que fez relacionada ao seu momento atual. Esse excesso de expectativa talvez seja o principal fator prejudicial, assim como nos momentos de declínio de todos os ídolos. É doloroso ver quem fora vencedor por tantas ocasiões não ter seu braço levantado nessas últimas lutas.
As derrotas de José Aldo foram indiscutíveis, nada pelos juízes, todas por nocaute. Só que, a de McGregor em apenas 13 segundos foi o maior banho de água fria que um lutador e seus fãs podem ter tomado. Adiante, com McGregor fora da categoria, disputou e recuperou o cinturão contra Frankie Edgar, aquele veterano casca-grossa que foi campeão dos leves e ainda disputa em alto nível entre as cabeças dos penas. (lembre-se disso) A seguir, enfrentou Max Holloway e perdeu o título. Agora, na revanche aceita a poucas semanas para a luta, não mostrou o seu melhor preparo físico mas mostrou um coração imenso, uma técnica apuradíssima, ainda veloz nas esquivas, ainda com o timing perfeito de entrada e saída e pecou na afobação no terceiro round, quando fez exatamente o que seu adversário queria, colocando-o em sua zona de conforto e trocando todo o seu arsenal técnico por uma trocação desmedida de golpes. As justificativas podem ser muito para o resultado, mas uma coisa deu para ver: ele ainda tem lenha para queimar!
José Aldo foi um monstro, quando soltou mais seu jogo no segundo round entrava e batia firme, esquivava, combinava, chutava com uma pressão inimaginável. Para os entusiastas, era questão de tempo para Holloway estar sem apoio na perna e Aldo surpreender com uma combinação que o levasse ao nocaute, ou impor um ritmo que não aguentaria acompanhar na movimentação. Isso não aconteceu, provavelmente a escolha tática do próprio Aldo tenha sido equivocada. Digo do próprio, pois o córner pedia diversas vezes pelos chutes que pouco vinham. Pareceu um ‘apagão’ do centrado manauara. Isso nos leva a pensar certas coisas: ou o tempo de treino reduzido influenciou e Aldo quis antecipar um fim de luta, ou ele realmente está sofrendo essa pressão por uma vitória convincente, e não por decisão como a maioria das suas. A motivação não foi problema… Ninguém desmotivado lutaria com a gana que mostrou e resistiria tanto.
Portanto, lembremos de Edgar, a quem Aldo substituiu hoje e foi citado anteriormente. Ele mudou a categoria, sofreu o descrédito, perdeu para o próprio Aldo e se manteve ativo entre os tops e na mira de novas disputas. Porque Aldo não pode fazer o mesmo?
Esperar, galgar novamente o caminho e aproveitar que ainda tem 31 anos para disputar entre os melhores do mundo e ainda nos dar grandes espetáculos como o de hoje e quiçá novos títulos por pelo menos os próximos cinco anos. Ainda há lenha!