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Lucão estreou em setembro e tem ganhado espaço
Divulgação/Estoril - 4.11.2017
Se tem alguém que entende a pressão vivida por Alex Muralha, esse alguém é Lucão. O zagueiro, que deixou o São Paulo hostilizado pela torcida e rumou para o Estoril-POR, garante que não guarda mágoas do passado. Mesmo assim, aconselha o goleiro a deixar o Flamengo e buscar um novo clube.
Lucão chegou ao São Paulo aos 12 anos. Natural de Brasília, o zagueiro ganhou espaço no time profissional em 2013, com o técnico Ney Franco. Hoje, aos 21, começa a trilhar seu caminho no futebol europeu, após problemas no Morumbi. Ele está emprestado aos portugueses até o meio do ano que vem.
As temporadas 2015 e 2016 não foram as melhores da até aqui curta carreira de Lucão. Em baixa, o defensor fechou o ano passado acusado pela torcida de ser o principal culpado pela derrota diante do rival Corinthians, um 6 a 1 que entrou para a história do clássico paulista. No jogo seguinte, o público do Morumbi vaiou e xingou o jogador, que deixou o campo às lágrimas.
Assim como Muralha, sobretudo, na semifinal da Copa Sul-Americana, também teve momentos em que errou. Os acertos ficaram escondidos em lances isolados e a torcida elegeu o culpado. No Ninho do Urubu, uma simples cobrança de tiro de meta passa a ser criticada pelos rubro-negros.
"No Brasil, há essa tradição de as torcidas pegarem no pé dos jogadores, principalmente em clubes grandes. Escolhem dois, três jogadores e, quando o clube não vive um bom momento, acham culpados. Eu passei um pouco pelo que o Muralha está passando. Não com a mesma intensidade, mas eu vivi. Psicologicamente é muito ruim, porque você não pode sair de casa que as pessoas já apontam, te julgam e xingam", relatou Lucão.
Em 2017, havia a promessa de 'ano novo, vida nova'. O técnico Rogério Ceni decidiu dar mais uma oportunidade ao zagueiro da base. Boas atuações colocaram Lucão no time titular, mas a queda de rendimento foi tão brutal quanto sua ascensão com a camisa tricolor. Em junho, um evento no Facebook já marcava a data da despedida de Lucão. Foi apenas uma das formas de protesto da torcida contra o camisa 4, que voltava a falhar dentro de campo.
Cria de Cotia, o zagueiro acumulou passagens por seleções de base, inclusive sendo capitão nas categorias Sub-17 e Sub-20. Em outubro de 2015, o goleiro Rogério Ceni deu ao garoto de 19 anos a braçadeira e a responsabilidade de liderar o time principal diante do Atlético Paranaense.
Rogério Ceni, ainda goleiro, deu a faixa de capitão a Lucão, de apenas 19 anos
Rubens Chiri/saopaulofc.net - 03.10.2015
"Dá para contar nos dedos os jogadores que tiveram a trajetória que eu tive na base. Passei por todas as seleções de base possíveis e joguei no São Paulo, que dá todo o apoio e estrutura que um atleta precisa. Não poderia ter sido melhor", declarou Lucão ao R7. "No profissional, tive momentos bons, que me alegraram muito. Mas também tive momentos ruins, de aprendizado."
Mas a perseguição se tornara muito forte. Ao fim do jogo contra o Atlético Mineiro, pelo Brasileirão, mais uma derrota colocada nas costas de Lucão, o zagueiro declarou que estava de saída do Morumbi. E cumpriu com a palavra — foi emprestado ao Estoril, para disputar a temporada europeia.
Lucão foi apresentado para esta temporada no Estoril
Reprodução/Twitter - 30.08.2017
"Eu senti um pouco de dificuldade nas primeiras semanas. É um estilo de jogo mais rápido, mais dinâmico. No Brasil, tem momentos em que você consegue pensar mais", comentou o zagueiro sobre sua adaptação a Portugal
Agora, quem vive situação semelhante à sentida por Lucão é o goleiro flamenguista Alex Muralha. Após sucessivas falhas em 2017, a torcida perdeu a paciência e passou a atacá-lo constantemente. Ele desperdiçou oportunidades em partidas importantes e amarga a reserva no time de Reinaldo Rueda.
"Às vezes a gente quer demonstrar que é capaz e dar a volta por cima naquele lugar. Eu tive esse pensamento e creio que é o pensamento dele. Mas você pode dar a volta por cima em outro lugar também. Acho que ele deveria sair do Flamengo", disse o zagueiro.
Lucão está feliz em Portugal. Apesar de pertencer ao São Paulo, ele conta que seu intuito é ficar na Europa, onde está adquirindo experiência e aprendizados únicos. Um eventual retorno ao Morumbi com certeza mexerá com a torcida, que sempre colocará um ponto de interrogação em cima do zagueiro. Mas o que quer que o futuro traga, Lucão estará tranquilo.
"Eu não tenho ressentimentos, porque eu prefiro não pensar nisso. O que passou, sejam erros ou acertos, eu prefiro esquecer e deixar para trás", concluiu.
*Sob supervisão de André Avelar
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