quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Ex-governador Sérgio Cabral diz que não é político que 'rouba, mas faz’

Ex-governador Sérgio Cabral diz que não é político que 'rouba, mas faz’




Sérgio Cabral deixa Tribunal de Justiça do Rio


Sérgio Cabral deixa Tribunal de Justiça do Rio
José Lucena/Estadão Conteúdo - 5.12.2017





O ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) citou a frase atribuída ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros (1901-1969) ao dizer que não era político "que rouba, mas faz".



O peemedebista citou Adhemar ao se defender, nesta terça-feira (5) das acusações de fraude em licitações em depoimento ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.



Cabral disse que não houve superfaturamento nas obras da reforma do Maracanã e afirmou que a deixou concluída.



"O Maracanã, desde 1950, não sofria uma reforma digna, uma reforma decente. O que eu desejava era a realização das obras, que o estádio estivesse pronto para os jogos. Em relação à escolha das empresas, não participei", disse.



Depois da afirmação, Cabral direcionou críticas à atual gestão do Estado, comandada pelo seu antigo vice e aliado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).






"Se o Maracanã está mambembe, não [está] funcionando direito, é problema do atual governo. Se não foi feito o que deveria ter sido feito, o problema não foi meu", disse.



"O Maracanã não teve mais uso porque o atual governo não soube solucionar o problema da concessão. Talvez o Maracanã tivesse com mais uso do que tem hoje se chamasse o segundo [colocado no processo] da licitação. Eu saí em abril de 2014, a culpa não foi minha, eu deixei dinheiro em caixa", completou.



Questionado sobre o motivo de ser chamado de "chefe" pelos empresários, em provas encontradas pelo MPF (Ministério Público Federal), Cabral respondeu que "era um hábito dessa turma para puxar o saco de políticos".



Cabral também desqualificou os depoimentos de colaboradores que o acusaram de receber propina e os chamou de mentirosos.



"Um está combinando com o outro para falar, porque aí pode fugir da linha de colaboração", disse o ex-governador.



Cabral chegou a chamar os delatores de "dedos-duros", o que irritou Bretas.



"Você pode dizer que o colaborador é um dedo-duro fora daqui, mas no processo estão fazendo uma gravação, então é bom manter um comportamento", disse o juiz.