quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Campanha visa redução de operações policiais em comunidades

Campanha visa redução de operações policiais em comunidades




Campanha luta pela redução de operações em comunidades


Campanha luta pela redução de operações em comunidades
Reprodução





Representantes de organizações de direitos humanos e movimentos sociais lançaram nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, a campanha "Caveirão Não! Favelas Pela Vida e Contra as Operações". O objetivo é pensar em ações que reduzam a violência institucional e as operações policiais nas comunidades cariocas.



Segundo os organizadores da campanha, dados do Instituto de Segurança Pública indicam que, de janeiro a setembro deste ano, mais de 900 pessoas foram mortas no Rio de Janeiro em casos registrados como autos de resistência, quando os agentes alegam ter atirado em legítima defesa.



A coordenadora da ONG Justiça Global, Glaucia Marinho, disse que a iniciativa foi inspirada em outra campanha contra o caveirão, lançada em 2006, pela Anistia Internacional, quando o carro blindado adaptado para ser um veículo militar começou a ser usado nas favelas do Rio.



“O caveirão é um carro blindado que foi usado inclusive no apartheid na África do Sul. Para a gente, ele é uma arma de guerra que evidencia o caráter racista da política de segurança pública no Rio de Janeiro”, afirmou Glaucia.



Ela também ressaltou os impactos na vida dos moradores quando escolas, postos de saúde e o comércio das comunidades são fechados a cada operação contra o crime organizado.



“Resolvemos criar a campanha para denunciar as violações. Para além das mortes, hoje, nas favelas do Rio e periferias, você tem um estado de exceção. Nessas operações, diversas violações são cometidas, como a entrada nas casas sem mandados”, disse Glaucia.



A representante da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Maria Dalva da Costa Correia da Silva, definiu a iniciativa como uma campanha para defender que “as vidas nas favelas importam”. A militante, que perdeu um filho durante operação policial, no episódio que ficou conhecido como Chacina do Borel, em 2003, espera que a realidade dos negros e pobres do Rio comece a mudar.



“A vida está sendo militarizada, a gente não tem o direito de ir e vir. Nós, moradores, sofremos: nossos jovens estão sendo mortos e a família sofre com a injustiça e a impunidade”.



O professor de luta Uidson Alves Ferreira, irmão da menina Maria Eduarda, morta aos 13 anos dentro de uma escola municipal, acredita na força da mobilização para que a política de opressão contra as favelas de fato diminua.



“Tenho fé que a campanha possa fazer alguma mudança”.



Em agosto, a 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro aceitou denúncia contra os policiais militares Fábio Barros Dias e David Gomes Centeno, acusados de fazer os disparos que mataram Maria Eduarda, em março deste ano. Ela estava dentro da escola quando foi atingida pelos tiros.



A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e aguarda resposta.

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