sábado, 25 de novembro de 2017

PGR defende envio de parte da denúncia contra 'quadrilhão do PMDB' ao juiz Moro

PGR defende envio de parte da denúncia contra 'quadrilhão do PMDB' ao juiz Moro

Núcleo sem foro privilegiado do 'quadrilhão do PMDB': Geddel , Henrique Alves, Eduardo Cunha e Rocha LouresValter Campanato/Luis Macedo/Zeca Ribeiro/Romerio Cunha

Núcleo sem foro privilegiado do 'quadrilhão do PMDB': Geddel , Henrique Alves, Eduardo Cunha e Rocha Loures


A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo o envio de parte da denúncia contra o chamado 'quadrilhão do PMDB na Câmara' para a primeira instância da Justiça. A medida havia sido determinada pelo relator do inquérito no STF, ministro Edson Fachin, que depois voltou atrás e decidiu  enviar a questão para análise no plenário do Supremo após reclamações das defesas dos investigados.


Esse é o mesmo inquérito que resultou na  denúncia por organização criminosa oferecida pelo ex-chefe da PGR Rodrigo Janot contra sete peemedebistas, entre eles o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). O grupo é acusado de integrar organização criminosa que teria arrecadado ao menos R$ 587 milhões em propinas.


Fachin  havia decidido enviar o processo contra os denunciados que não possuem prerrogativa de foro privilegiado para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, após a Câmara dos Deputados negar o prosseguimento da investação contra Temer e os ministros. O juiz da Lava Jato, desse modo, herdaria o inquérito contra os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves; contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima; e contra o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.


Reclamaram dessa decisão as defesas de Geddel , Cunha e do próprio presidente Temer. O ex-ministro e o ex-deputado, que hoje se encontram presos, pedriam a suspensão do processo até janeiro de 2019, quando o inquérito contra Temer poderá ser retomado devido ao fim de seu mandato na Presidência.


Também reclamaram do envio das investigações para o Paraná as defesas de Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Os dois não constam da denúncia sobre o 'quadrilhão', mas são acusados junto a Temer de praticar crime de tentativa de obstrução à Justiça. O crime teria se configurado na suposta tentativa de comprar o silêncio do doleiro Lúcio Funaro.


O parecer da PGR


No parecer enviado nessa sexta-feira (24) ao Supremo, o procurador-geral da República em exercício, Luciano Mariz Maia, rebateu os argumentos apresentados por Cunha e Geddel e defendeu que a remessa do processo à 13ª Vara Federal de Curitiba –"não gera risco de decisões contraditórias".


"Por não se vislumbrar prejuízo relevante ao entendimento dos fatos e à prestação jurisdicional, o desmembramento do feito em relação aos peticionantes é medida que se impõe", defende a Procuradoria.


O procurador Mariz Maia também se manifestou contra um segundo pedido apresentado por Geddel, Cunha, Joesley e Saud. O grupo alega que, caso o Supremo entenda que os processos realmente devem baixar para a primeira instância, a remessa dos autos deve ser feita ao Juízo de Brasília, e não ao de Curitiba.


"A denúncia, por relacionar-se exatamente ao esquema delituoso desvendado no contexto da 
Operação Lava Jato, por imputar a prática do crime de pertencer a organização criminosa a
integrantes do subnúcleo político daquele esquema, por descrever variados crimes praticados
pelos denunciados em prejuízo da sociedade de economia mista federal Petrobras e possuir indissociável conexão com os fatos largamente investigados no âmbito do Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba em dezenas de inquéritos e ações penais, há de indiscutivelmente ser remetida ao referido órgão jurisdicional", escreveu a PGR no parecer.


O julgamento que vai decidir se os processos permanecerão no STF ou se seguem para o juiz Sérgio Moro ainda não tem data para ocorrer. Cabe à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, agendar a sessão para análise do tema.