terça-feira, 14 de novembro de 2017

País pressiona contra barreiras da União Europeia ao frango

País pressiona contra barreiras da União Europeia ao frango




Fiscalização no mercado europeu aumentou


Fiscalização no mercado europeu aumentou
Getty Images





O governo brasileiro faz pressão contra barreiras impostas pela União Europeia às exportações de frango.



Depois da Operação Carne Fraca, deflagrada em março deste ano, a fiscalização no mercado europeu foi intensificada e as vendas recuaram 17,5% em relação a 2016, segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).



Em carta enviada à comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmstrom, obtida pelo Estado, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, relata providências adotadas pelo Brasil após o escândalo com prisão de pessoas e revisão de processos de produção.



Ao mesmo tempo, afirma que o aperto da fiscalização e o crescimento do número de notificações de cargas com problemas, numa abordagem "simplista", tem prejudicado a imagem do produto brasileiro e causado "efeitos nefastos" nas exportações.



Os mesmos pontos foram levantados pelo Brasil na  OMC (Organização Mundial do Comércio), numa reunião destinada a discutir "preocupações" nas relações comerciais entre os países.



De janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 110,4 mil toneladas de frango salgado para a Europa, segundo a ABPA. No ano passado, no mesmo período, foram 133,9 mil toneladas. Houve um recuo de 17,5% nas vendas. As receitas recuaram de US$ 294,8 milhões em 2016 para US$ 241,5 milhões este ano, no mesmo período de comparação.



O Brasil questiona, principalmente, por que os europeus usam critérios diferentes para o frango fresco e o frango fresco com adição de até 2% de sal. No primeiro, é tolerada a presença de praticamente todos os 2.500 tipos de salmonela conhecidos, com exceção de duas: a Typhimurium e a Enteritidis. Já no frango com sal, não é tolerado nenhum tipo de salmonela.



Sem sal. Ocorre que o Brasil exporta principalmente a carne de frango salgada, mais especificamente o peito da ave, que serve de matéria-prima para a indústria de alimentos europeia. Isso porque, depois de uma batalha na OMC, o País conquistou o direito de exportar 170 mil toneladas anuais de frango salgado. De frango sem sal, o permitido são 14 mil toneladas.



Barreiras baseadas em questões sanitárias, como é o caso, precisam ter comprovação científica, segundo as normas da OMC. O Brasil levantou esse ponto com o organismo multilateral. Segundo fontes do lado brasileiro, os europeus disseram ter estudos para comprovar a barreira, mas não os apresentaram.



Na carta, Maggi diz que o rigor sobre a carne salgada é "desproporcional" à regra aplicada ao frango sem sal. Ele defende que o critério seja o mesmo, já que ambos se destinam ao processamento industrial.



"Essa atitude de levar esse tipo de análise e começar a usar o critério de carne cozida em carne salgada tem por trás algum aspecto político ou protecionista", afirmou o vice-presidente da ABPA, Ricardo Santini. "Porque ela não se justifica em termos de proteção à saúde pública." Ele acrescentou que, há muitos anos, o Brasil exporta para a Europa e nunca houve problema.



Segundo o executivo, a norma europeia de controle total das salmonelas sobre o frango salgado existe há muito tempo, mas só passou a ser aplicada para valer depois da Carne Fraca.



O frango exportado pelo Brasil concorre com a produção local na Europa. Mas, segundo Santini, os clientes consideram que o produto brasileiro tem uma condição de higiene melhor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.