"Faz quase um ano, mas parece que foi ontem. A gente se pega pensando e imaginando muita coisa, ainda sem acreditar em tudo que aconteceu. Talvez demore para absorver toda a história. Foi algo que comoveu o mundo, mexeu com dezenas de famílias, mas o apoio e a forma carinhosa com que todas as pessoas estão nos tratando mostra que a humanidade ainda respira e que a maioria das pessoas ainda são boas.
Sobre o que eu senti após acordar no hospital e ver tudo que aconteceu foi uma mistura de coisas. Agradeci por estar vivo, foi um milagre. Mas veio uma tristeza pelos amigos que se foram. Só seria injusto com Deus e comigo ficar triste, eu estava vivo e tinha que agradecer.
Eu sempre serei um dos sobreviventes da Chape. Sempre que falarem de mim, terá esse sentimento. Mas quero deixar claro que não peço piedade nem quero ser o coitado da tragédia. Quero ser tratado como qualquer outro atleta de futebol e conseguir voltar a jogar em alto nível, como já fiz.
O clube não pode pensar apenas em mim. Tem de pensar na instituição, por isso entrei e joguei. Tenho contrato até dezembro, pertenço ao Internacional e, ao fim desta temporada, a gente senta e vê o que é melhor para todos os lados. Acredito que na Chape, eu ficarei sempre como o Alan que sobreviveu à tragédia. Temo que isso possa me atrapalhar na careira e na vida.
A mensagem que eu posso deixar para as pessoas é que elas aproveitem ao máximo a convivência com quem está ao seu lado, familiares e amigos. A gente nunca sabe o que vai acontecer daqui 10 minutos. Viva o momento e aproveite a companhia de quem você ama, pois a gente não sabe até quando estaremos aqui".