domingo, 26 de novembro de 2017

'Não peço piedade. Quero ser tratado como um atleta', afirma Alan Ruschel

'Não peço piedade. Quero ser tratado como um atleta', afirma Alan Ruschel

"Faz quase um ano, mas parece que foi ontem. A gente se pega pensando e imaginando muita coisa, ainda sem acreditar em tudo que aconteceu. Talvez demore para absorver toda a história. Foi algo que comoveu o mundo, mexeu com dezenas de famílias, mas o apoio e a forma carinhosa com que todas as pessoas estão nos tratando mostra que a humanidade ainda respira e que a maioria das pessoas ainda são boas.

Sobre o que eu senti após acordar no hospital e ver tudo que aconteceu foi uma mistura de coisas. Agradeci por estar vivo, foi um milagre. Mas veio uma tristeza pelos amigos que se foram. Só seria injusto com Deus e comigo ficar triste, eu estava vivo e tinha que agradecer.

Eu sempre serei um dos sobreviventes da Chape. Sempre que falarem de mim, terá esse sentimento. Mas quero deixar claro que não peço piedade nem quero ser o coitado da tragédia. Quero ser tratado como qualquer outro atleta de futebol e conseguir voltar a jogar em alto nível, como já fiz.

O clube não pode pensar apenas em mim. Tem de pensar na instituição, por isso entrei e joguei. Tenho contrato até dezembro, pertenço ao Internacional e, ao fim desta temporada, a gente senta e vê o que é melhor para todos os lados. Acredito que na Chape, eu ficarei sempre como o Alan que sobreviveu à tragédia. Temo que isso possa me atrapalhar na careira e na vida.

A mensagem que eu posso deixar para as pessoas é que elas aproveitem ao máximo a convivência com quem está ao seu lado, familiares e amigos. A gente nunca sabe o que vai acontecer daqui 10 minutos. Viva o momento e aproveite a companhia de quem você ama, pois a gente não sabe até quando estaremos aqui".