Eric Zambon
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Ofim de semana serviu para acirrar os ânimos entre os trabalhadores em greve e o Governo de Brasília. Assim, tanto a Companhia Energética (CEB) quanto a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) continuam a paralisação hoje. Em ambos os casos, decisões judiciais impõem a manutenção dos serviços.
Os metroviários interromperam a greve ontem e disponibilizaram oito trens com todas as 24 estações abertas, seguindo o padrão dos domingos. Segundo eles, isso foi feito “em respeito aos estudantes a caminho do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”, mas garantiram que o movimento continua hoje. A Justiça já havia obrigado o funcionamento ontem pelo mesmo motivo. Conforme a versão da categoria, o sindicato quis montar uma operação especial para o sábado, mas o Metrô decidiu fechar as estações e não rodar.
Como agravante, o Governo de Brasília entrou na Justiça para anular cláusulas de um acordo firmado com os trabalhadores em 2015. À época, ficou acertado, dentre outras questões, que os concursados seriam chamados aos poucos, respeitando as limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Agora, o governador Rodrigo Rollemberg quer revogar o acerto, proposto por sua própria gestão.
“Eles querem tumultuar o processo. Por que fariam um acordo para depois tentar anular o que eles mesmos propuseram?”, ironizou o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindmetrô, Leandro Santos. De acordo com ele, cláusulas relativas a recomposições salariais também estariam sendo atacadas pelo governo.
Santos lamenta a “má fé” do Buriti ao tratar do tema e reafirma que Rollemberg tem a previsão legal de cumprir com o que está “acordado no termo coletivo e na sentença normativa, assinada há dois anos”.
Por meio da Procuradoria-Geral do DF (PGDF), o Governo de Brasília se limitou a responder, com uma nota, que “ aguarda o julgamento da ação de dissídio coletivo”. O órgão não entra em detalhes sobre os aspectos atacados do acordo, mas reconhece, implicitamente, que firmar o trato foi o erro, pois atualmente “o pleito dos metroviários não pode ser atendido devido à ausência de dotação orçamentária.”
O Metrô alega que não lida com as questões jurídicas do acordo, pois são “dependentes de recursos do Tesouro”. A companhia disse, porém, que, na sexta-feira, os trabalhadores não cumpriram a decisão judicial de rodar com 90% da frota, porque 20 trens funcionaram, dois a menos em relação à quantidade necessária para preencher o percentual. A categoria garante que obedece a ordem da Justiça.
Para hoje, entre 20 e 22 trens, de um total de 24, devem funcionar nos horários de pico, com todas as estações abertas. Do contrário, os servidores podem ser multados.
Chuva de pedidos de atendimento
O Sindicato dos Urbanitários (STIU-DF) garantiu que a população não sofrerá impactos diretos em virtude da chuva. A entidade acusa, porém, a CEB de demorar a dar baixa nas ocorrências atendidas pelos servidores, com intuito de maximizar a impressão de um serviço deficiente.
Por meio da assessoria, o sindicato afirmou que a greve pode tomar “novos rumos” a partir de hoje, quando uma assembleia está agendada para 9h. Eles acusam a diretoria de aprovar reajustes para si próprios na casa dos 20%, enquanto a proposta inicial aos urbanitários mal alcançou 2%.
Em uma imagem compartilhada por meio das redes sociais, sindicalistas acusam a diretoria da empresa de aprovar aumentos para si próprios equivalentes a 40% no acumulado. O sindicato não confirma, mas mostra atas de reuniões que comprovam os aumentos já aprovados em 2017.
A categoria também garante que mantém um pouco mais de 50% do efetivo em serviço, em cumprimento da decisão judicial emitida na semana passada, e chama a CEB de “sacana” por tentar jogar a opinião pública contra os trabalhadores.
A companhia se limitou a informar que entrou com ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) contra o STIU para garantir 17 equipes extras de manutenção nas ruas durante o fim de semana, formando um total de 31. Ela também disse que, até 18h45 de ontem, havia pouco mais de 1,2 mil serviços pendentes em todo o DF, mesmo número de demandas atendidas desde sexta-feira.
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Conforme a CEB, a distribuição de demandas pendentes durante o fim de semana no DF ficou da seguinte maneira: Região Leste (Sobradinho, Planaltina e Paranoá): 199; Região Oeste (Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia): 477. Região Sul (Gama, Santa Maria, Samambaia e Recanto das Emas e Riacho Fundo: 270 ; Região Centro (Brasília, Lagos, Núcleo Bandeirante, Guará, Candangolândia e outras regiões administrativas não inclusas nas regiões anteriores): 270.
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