quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Médico que atendeu atletas da Chape achou que
Neto fosse morrer

Médico que atendeu atletas da Chape achou que Neto fosse morrer




Neto deixa hospital em Chapecó após longa e dura recuperação


Neto deixa hospital em Chapecó após longa e dura recuperação
Tarla Wolski/Futura Press/Estadão Conteúdo





Passados exatamente 365 dias do trágico acidente que dizimou a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes no voo que levava o time de Santa Catarina para disputar a final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, o médico que cuidou dos quatro brasileiros sobreviventes — três jogadores e o jornalista Rafael Henzel — conversou por telefone com o R7 e revelou detalhes até então desconhecidos da fatídica noite.



Ferney Rodríguez Tobón, diretor médico do Hospital San Vicente Fundación, que fica em Rionegro, a aproximadamente 40 km de distância do local do acidente com o avião da Chape, lembrou que teve preocupação especial com o zagueiro Neto, último a ser retirado com vida dos escombros, e que não foi encaminhado diretamente para seus cuidados (foi levado à clínica San Juan de Diós, na localidade de La Ceja), chegando ao San Vicente somente no dia 2 de dezembro.



"Após nossas avaliações, nos demos conta de que Hélio Neto era o que tinha muito mais risco por causa do trauma e porque ficou mais tempo, claro, que os outros no local do acidente [foi resgatado sete horas depois da queda do avião]. O problema grande do Neto é que ele teve um trauma pulmonar e ficou por muito tempo sujeito ao mau tempo no local do acidente. Nos dias posteriores, ele teve uma falha respiratória muito crítica, um trauma muito grave e uma alta possibilidade de morrer, até que finalmente foi melhorando".



O primeiro atleta a passar pelas mãos salvadoras de Tobón e equipe foi o goleiro Jakson Follmann. O tempo que separou a notícia da queda do avião e a chegada do hoje ex-atleta foi, na lembrança compartilhada pelo médico, desesperador. "A primeira informação que chegou era sobre um avião acidentado perto do hospital e a possibilidade de entrada de muitos feridos. Era um dia como outro qualquer, com o hospital completamente cheio e nossos serviços com alta demanda, mas todas as nossas forças foram convertidas para o acidente que tinha ocorrido. Em um primeiro momento, só chega o Follmann, por volta das 3 horas da manhã. Depois, o corpo médico nos informou que os outros feridos seriam trazidos para cá".






Neto foi o brasileiro que mais inspirou cuidados do corpo médico


Neto foi o brasileiro que mais inspirou cuidados do corpo médico
Reprodução/Youtube





A chegada dos outros atletas sobreviventes, além do jornalista Rafael Henzel, aconteceu três dias depois da queda do avião. Henzel e Alan Ruschel tinham sido levados para o Hospital Somer, que tentou dificultar a transferência, mas acabou convencido após interferência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).



"O objetivo era congregar todos aos nossos cuidados e principalmente facilitar as coisas para as famílias. Também queríamos unificar as informações, porque as que chegavam ao Brasil eram fragmentadas, imprecisas e incorretas. Então, concentramos tudo", explicou Tobón.



Apesar de destacar que a situação de Neto era a mais complicada, o médico lembra que todos os brasileiros chegaram em estado de saúde bastante crítico, ao contrário dos dois bolivianos que também sobreviveram à queda. Na visão de Tobón, a responsabilidade de cuidar da recuperação dos atletas e do jornalista era tão grande quanto o medo de não dar conta da missão.



"Todos os quatro brasileiros estavam em estado muito crítico e os dois bolivianos não estavam muito graves. Não só o Neto, mas também os outros três estavam em situação crítica. Sabíamos também que era grande a responsabilidade para eles sobreviverem", afirma.



 



 





Reencontro








Sobreviventes da tragédia voltaram à Colômbia meses após acidente


Sobreviventes da tragédia voltaram à Colômbia meses após acidente
Divulgação





 



 



O médico colombiano chegou a reencontrar com os sobreviventes em uma situação bem menos tensa, mas também emocionante. Em maio deste ano, o trio de atletas e o jornalista Rafael Henzel voltaram ao hospital com familiares e o presidente da Chapecoense, acompanhando a remontada delegação da Chape que viajou para disputar a Recopa Sul-Americana.



A lembrança de Tobón, desta vez, no entanto, não é de tristeza. "Foi um gesto de gratidão para ambas as partes, porque para a gente foi muito emocionante ver os quatro em uma situação tão boa", concluiu.



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