domingo, 12 de novembro de 2017

Já senhor do tempo que move obra lapidar, Paulinho da Viola faz 75 anos

Já senhor do tempo que move obra lapidar, Paulinho da Viola faz 75 anos


Pelo relógio que rege os movimentos do mundo, Paulo Cesar Batista de Faria, o Paulinho da Viola, festeja hoje 75 anos de vida. Só que o conceito de tempo é relativo quando se trata deste cantor, compositor e músico carioca, mestre do samba e do choro. Nascido em 12 de novembro, Paulinho é da nobre linhagem musical parida em 1942, ano em que vieram ao mundo outros gênios dos sons brasileiros, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Tim Maia (1942 – 1998). Só que, ao contrário destes colegas, Paulinho caminha no tempo próprio, ajustado ao movimento de relógio particular que se move no ritmo íntimo e pessoal que conduz a construção de obra lapidar, já cristalizada, pavimentada desde 1964 sob prisma luminoso, se alimentado da tradição, mas sem se limitar a reproduzir cânones.


Timoneiro que vem conduzindo o leme do próprio barco existencial com firmeza disfarçada pela habitual e já famosa elegância, Paulinho da Viola não grava um disco com músicas inéditas desde 1996. Para o público, 21 anos sem esse álbum parece uma eternidade. Para o artista, esse tempo de maturação da maturidade artística parece ser natural, porque fazer música é ofício que o compositor desempenha como um ourives, no ritmo próprio, com a calma, a paciência e o requinte dos grandes marceneiros, ofício também exercido pelo artista. Porque, acima de tudo, o tempo de Paulinho da Viola é sempre hoje.


Talvez por isso mesmo qualquer samba ou choro do compositor exale modernidade contemporânea, como se tivesse sido composto ontem. Ou há 40 anos. Presente e passado são conceitos fluidos no tempo e na obra do artesão. O passado tonifica o presente, com leves traços de nostalgia, mas sem ranços folclóricos. Ouça um samba como Coração leviano (1977), um tema vanguardista como Sinal fechado (1969) ou o Choro negro (1973). Todos soam sempre novos, como a bossa de um certo João.

 

Nessa espiral do tempo, Paulinho da Viola se assemelha a um certo Dorival Caymmi (1914 – 2008) na condução da vida e da música. Não há pressa. E tudo soou sempre no tempo certo. Mesmo quando a obra foi composta no ritmo ditado pelo mercado fonográfico. Assim como os cronologicamente dispersos Eu canto samba (1989) e Bebadosamba (1996), os 14 álbuns lançados pelo cantor entre 1968 e 1983 estão aí para provar que Paulinho da Viola completa 75 anos já senhor do tempo que move a vida e a obra do artista.


(Crédito da imagem: Paulinho da Viola em foto de divulgação)


















































































































































































































































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