Quem viu o filme “Perdido em Marte” e se admirou com a criatividade do astronauta para sobreviver no Planeta Vermelho com parcos recursos talvez não imagine que, hoje, e na vida real, os moradores da Estação Espacial Internacional (ISS) também precisam de jogo de cintura para repor objetos na espaçonave. De uma colher a ferramentas, qualquer item tem que embarcar da Terra, numa viagem demorada e de alto custo.
No ano passado, porém, houve uma virada nessa história. Por meio de uma parceria com a Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, e a americana Made In Space, os astronautas começaram a produzir na ISS pequenos objetos com o uso de uma impressora 3D. A empresa brasileira entrou com a matéria-prima: o Plástico Verde I´m greenTM, uma resina de origem renovável feita à base de cana-de-açúcar.
Em 2018, uma nova etapa dessa parceria chega ao espaço. As empresas desenvolveram uma recicladora de itens plásticos que permitirá aos astronautas reutilizá-los na impressora. “Dessa forma, completamos de maneira sustentável e eficaz o ciclo do plástico na ISS“, diz Patrick Teyssonneyre, diretor de Inovação e Tecnologia da Braskem. Será a primeira operação de reciclagem desse material na história das missões espaciais.
De imediato, as duas iniciativas reduzem os custos e peso das missões. “No futuro, aumentarão a autonomia e a sustentabilidade de viagens espaciais de longa duração”, diz Andrew Rush, presidente & CEO da Made In Space. O executivo acredita que não é ficção imaginar que um dia teremos plantações de cana-de-açúcar em Marte. “E quem sabe até uma economia multiplanetária”, diz.