O Hospital de Clínicas da Unicamp testou pela primeira vez uma técnica conhecida como Trombectomia, uma espécie de cateterismo no cérebro, que geralmente está disponível em poucos hospitais particulares no país.
O procedimento foi utilizado, na sexta-feira (10), para tratar o comerciante Celso Roque de Faria, que sofreu um acidente vascular cerebral isquêmico, aquele em que a artéria é obstruída por um coágulo. “Estou bem aliviado”, comemora o paciente, que não deve ter sequelas. A alta médica dele deve ocorrer nas próximas horas.
De acordo com os médicos, este procedimento deve ser adotado nos casos em que a obstrução ocorre em artérias maiores, quando o coágulo é muito mais denso.
Geralmente, o procedimento mais comum na rede pública é combater o AVC isquêmico com medicação intravenosa, mas não deu certo no caso do comerciante. Desta forma, o cateterismo cerebral foi usado após autorização da família do paciente.
De acordo com o neurologista Fabrício Buchdid, este método acessa o coágulo com materiais que entram pela virilha do paciente. Depois, outros materiais entram e combatem o problema.
Estudo em 25 centros
A Unicamp é um dos 25 centros do Brasil envolvidos em um estudo financiado pelo Ministério da Saúde que pretende comprovar que a trombectomia é viável para ser adotada como padrão na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), embora tenha um custo mais elevado.
Este procedimento reduz em 40% o risco de o paciente ficar com sequelas. Outras vantagens são: evitar infecções, uso de antibióticos caros e redução do tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), segundo o médico.
Mensalmente são atendidos na Unicamp 90 pacientes com acidente vascular cerebral. O AVC é a segunda maior causa de mortes no país, e a primeira por incapacidade, segundo os médicos da Unicamp.