terça-feira, 14 de novembro de 2017

Diabetes mata 1 pessoa a cada 6 segundos; obesidade aumenta risco

Diabetes mata 1 pessoa a cada 6 segundos; obesidade aumenta risco




Até 2040, serão 642 milhões de diabéticos no mundo


Até 2040, serão 642 milhões de diabéticos no mundo
Reprodução





Mais de 415 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo, sendo 14,3 milhões apenas no Brasil, e o número deve subir para 642 milhões até 2040. Apesar de bastante comum e tratável, muitos diabéticos não controlam a doença e sofrem graves consequências, como amputação de membros, cegueira e problemas cardiovasculares. Neste dia Mundial de Diabetes, lembrado nesta terça-feira (14), o R7 conversou com especialistas para alertar a população sobre os perigos desta doença silenciosa, que mata uma pessoa a cada 6 segundos no mundo.



A diabetes é uma doença que provoca o aumento de açúcar no sangue como resultado do mau funcionamento da insulina — hormônio responsável por transportar o açúcar para dentro das células do corpo. Há dois tipos de diabetes: o 1 e o 2, segundo a endocrinologista e professora adjunta de Endocrinologia e Metabologia da Universidade Federal do Paraná, Rosangela Réa.



“O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que leva à destruição das células do pâncreas. Geralmente, ela é descoberta na infância e adolescência e atinge cerca de 10% dos portadores. O início é repentino e os sintomas, graves, por isso, é necessária reposição imediata de insulina. Já no diabetes tipo 2, o paciente pode até produzir insulina, mas com algum defeito ou ela não é aproveitada de forma correta pelo organismo. Isso acontece em mais de 90% dos casos. Este tipo costuma aparecer depois dos 40 anos. Porém, devido aos maus hábitos, pacientes cada vez mais jovens estão sendo diagnosticados”.



O diagnóstico da diabetes é simples e feito por meio testes de glicemia e exames de sangue, o que poderia ser feito no atendimento básico. Os casos menos graves podem ser tratados com um clínico geral, por exemplo, mas o ideal é procurar um especialista, explica o endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Luiz Turatti.



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“Com a evolução da doença, há necessidade de se fazer reajustes nos medicamentos, modificando o tratamento. Não é só tratar a doença, mas também as complicações. Sabe-se que 80% dos pacientes diabéticos morrem de doenças cardiovasculares e podem sofrer com outros problemas, como cegueira. 50% dos pacientes já sofrem com complicações quando descobrem a doença. ”



Ainda segundo Rosangela, a diabetes pode não ter sintomas em muitos casos, mas os sinais mais comuns são muita sede, vontade de fazer xixi várias vezes e perda de peso. “É preciso conscientizar a população de que a diabetes tipo 2 está aparecendo cada vez mais cedo por causa da obesidade e dos maus hábitos. Por isso, a incidência está aumentando cada vez mais”.



Mata mais que AIDS



As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em pacientes diabéticos do tipo 2. Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento que costuma incluir mudança de hábitos de vida e, em alguns casos, medicação, diz Rosangela. “O paciente pode ficar anos com a doença e, quando recebe o diagnóstico, já sobre com as complicações, que atingem tanto pacientes do diabetes tipo 1 quanto do tipo 2. Estudos mostram que a melhora do controle glicêmico reduz esses problemas, como risco de infarto, cirurgia de catarata, amputações etc”.



Segundo a especialista, dados da Federação Internacional de Diabetes mostram que a doença mata mais que a AIDS, malária e tuberculose juntas. Em 2015, 5 milhões de pessoas morreram no mundo vítimas da diabetes, sendo 130 mil apenas no Brasil. Ou seja, uma pessoa morre a cada 6 segundos por causa da doença.



“ No mesmo ano, o Brasil gastou R$ 21,8 bilhões com pacientes diabéticos e o 5º País que mais gasta com a doença. Grande parte dessas despesas ocorre por causa das complicações, que poderiam ser evitadas com o bom controle da doença. Estudos mostram que apenas 26,8% dos pacientes com diabetes tipo 2 controlam o índice glicêmico. No tipo 1, a porcentagem é de 10,4%”, completa Rosangela.



Prevenção e fatores de risco






A diabetes tipo 2 está relacionado à obesidade


A diabetes tipo 2 está relacionado à obesidade
Getty Images





A diabetes tipo 1 é genética, então não há como evitar. Já a diabetes tipo 2 é intimamente ligada à obesidade e ao sedentarismo, além de herança genética. Mulheres grávidas também podem desenvolver a diabetes gestacional e, futuramente, têm mais chances de ter a doença, segundo a endocrinologista do Hospital 9 de Julho Roberta Frota Villas Boas. “Não necessariamente ela vai ter diabetes, mas é uma forte candidata, por isso ela precisa cuidar do peso e da alimentação”.



Muita gente associa a diabetes ao hábito de comer muito doce. Porém, se a pessoa não tiver tendência, ela não vai desenvolver a doença mesmo se “entupir” de guloseimas, explica Roberta. O que de fato pode desencadear o problema é a obesidade.



“O tecido gorduroso produz uma série de substâncias que são prejudiciais à algumas funções do nosso corpo, entre elas, a produção de insulina. Esse hormônio é o responsável pelo aproveitamento da glicose [açúcar] ser aproveitado nas células. Com o aumento de peso, o pâncreas produz menos insulina, que fica sobrando no sangue”.






Pacientes que costumam fazer exames periódicos podem ser diagnosticados com pré-diabetes, ou seja, antes que a doença se desenvolva. “Se o paciente tiver alimentação saudável, fazer atividade física e perder peso ele pode reverter o quadro. ”, afirma Roberta.



Tratamento para vida normal



Em pacientes com diabetes tipo 1, o único tratamento é o uso de insulina, já que o paciente não produz este hormônio. Já no tipo 2, dependendo da gravidade do quadro, o paciente pode se tratar com medicamentos orais e mudança de hábitos, como a prática de atividade física e alimentação saudável. Posteriormente, ele pode precisar de insulina, explica Rosangela.



Para injetar a insulina no corpo, alguns pacientes, principalmente os do tipo 1, utilizam a bomba de insulina, que é um equipamento que libera quantidades pequenas do hormônio durante o dia. O problema, segundo Roberta, é o alto custo do aparelho.



“A bomba é a forma mais eficaz e moderna de aplicar insulina, mas o custo é elevado [a partir de R$ 12 mil]. É um cateter que fica acoplado na pessoa e libera as doses calculadas para aquele paciente, de acordo com o estilo de vida dele etc. O tratamento é totalmente individualizado. Por isso, o mais comum é a utilização da caneta e da seringa, que é disponibilizada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ”. A partir de 2018, unidades do SUS vão distribuir a caneta a 100 mil crianças com diabetes do tipo 1. 



Ainda segundo Turatti, para reverter o quadro de diabéticos no Brasil é necessário que as pessoas tenham mais educação sobre a doença. “É um absurdo a quantidade de informações falsas sobre tratamentos milagrosos que prometem curar a doença ou que orientam o paciente a deixar de tomar os medicamentos. A diabetes não tem cura, mas tem controle”.



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